quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Essas coisas de acreditar

Sobre os sentimentos, sobre as pessoas, os sentimentos das pessoas, os sentimentos? As pessoas? Gostar das pessoas nunca foi um processo natural pra mim. Quando uma amiga(o)chora, nunca sei se dou meu ombro ou se levanto e imito um robô para fazê-la rir. Sou desajeitada para fazer carinho. Minha mão ou pesa demais ou fica leve a ponto de ninguém sentir. Sou dura para dar abraços, nunca sei se meus braços devem ir por cima ou por baixo. Sempre acabo sentando na cadeira em frente em vez de me encostar ao lado para conversar de perto. Minhas piadas são sem graça e meus comentários desnecessários. Talvez eu queira impressionar demais,talvez eu simplesmente não me importe, ou talvez eu apenas fique muito nervosa. O fato é que as vezes a gente leva tanta porrada da vida, e não! Não em quuestão de relacionamentos amoroso, mas.. emfim, tanta porrada da vida que passa em algum momento a não mais acreditar, ou a não se importar. Não me importo? Não existe muito espaço na sociedade para pessoas que não se importam. Não se importar corresponde ao não acreditar em Deus no mundo dos sentimentos. Se eu precisasse traduzir essa minha falta de interesse de alguma forma, diria exatamente que sou uma agnóstica do amor. Não me digo atéia pois, assim como em relação à questões espirituais, não descarto totalmente a possibilidade de que exista, mas sim, se houvessem apenas dois lados, o do crer e o do não crer, eu ficaria com o que eu chamo de ateísmo emocional. O grande problema é que os ateus são parte de uma das minorias que mais sofre preconceito nessa sociedade predominantemente crente em que vivemos. Ateus sofrem mais repulsa do que prostitutas e usuários de crack (sério) e, dessa forma, não seria diferente em relação aos que não acreditam no amor. Se Deus é amor, como todos já ouviram dizer por aí, você não acreditar nesse último o torna alguém tão desprovido de caráter, perante a sociedade, quanto aqueles sem religião. Demorei muito tempo para sair desse armário da descrença. Mais pela falta de argumentos para me explicar do que pelo medo de julgamentos. Sim, eu deixei de acreditar no amor sem dá-lo muitas chances. Mas, hoje em dia, não me adianta muito ouvir palestras sobre a pessoa certa e sobre a beleza de se construir um relacionamento. Estava tudo trancado na minha grande caixa de dúvidas que guardava embaixo da cama e que torcia para que algum homem do saco levasse por engano. Algumas pessoas simplesmente não tem tantas chances para dar. Então eu decidi me abrir e me apaixonar, assim como estou aberta à possibilidade de Deus me chamar pra ter uma conversa numa clareira no meio do deserto e me explicar um tantão de coisas que não entendo nas religiões, já disse que não sou xiita em relação a nada. Porém, tudo para mim parece utópico demais, idealizado demais, enjoativo como um vidro de cereja em caldas. Hoje me interesso nas pessoas, nas suas histórias, nas metáforas e outras figuras de linguagem que elas têm para me oferecer. Era difícil aceitar que me dissessem no que acreditar. Não aceitava que ninguém me dissesse no que eu devia ou não devia acreditar a não ser que tivesse como me provar errada. Esperava realmente que alguém me provasse que eu estava errada. Me provaram que eu estava completamente errada. Obrigada.

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