E ela simplesmente não sabia. Mas dançava. E se embalava ao som de suas próprias ilusões. Inexoravelmente linda! Ela sabia disso. Mas não entendia. Ela queria asas, e um dia foi dado, mas ela não podia usar. Havia um pedágio. Um pedágio que cobrava alto por sonhos. Ela não podia pagar. Por mais prestante que era, não podia ser servil a tal ponto. Só devia servidão ao seu próprio coração. Então as asas foram tiradas, e ao castigo foi jogada. Como rapunzel jogava suas tranças, mas nada as alcançava. E ela só queria uma dança. Ela corria, sempre, amiúde. Corria contra o tempo, contra seu próprio tempo. E este ria. O céu já não parecia tão distante, afinal, era lá que estava seus sonhos. Não lhe restava mais nada, somente a coragem. Ela sabia que um toque a traria para o mundo real, ela não poderia evitar. Ela queria dançar. Então a fada madrinha apareceu, como era linda. Chamava-se tempo. E ela, a fada, tinha pressa. A fada a vestiu dos pés a cabeça com fiapos de sonhos, e a fez princesa. Uma princesa em pleno século XXI? Sim! Era ela. De Amélia pouco tinha, de Cinderela idem. Ela tinha a esperança da Branca de neve e a coragem de chapeuzinho vermelho, embora tivesse uma queda por lobo mau. Ela só queria uma dança. E nos seus sonhos ela dançava, e ria, nossa como ela ria! E que risada gostosa! Sua fada madrinha tinha pressa, seu meia-noite poderia durar um minuto. Ela tinha que aproveitar...e dançar! E ela sentia que podia. Que não precisava pensar em ninguém. E pela primeira vez ela pensou só em si mesma. Narciso faria festa no céu? Bom pra ele! Porque ela...Aaahh ela dançava! E ria. ria..e ria...Ela se sentia livre das amarras do faz de conta. Embora soubesse que a meia-noite teria que voltar. Mas ela não se importava, cada minuto era único. E ela podia dançar. E voltar seria talvez mais agradável, quem sabe? Ela não sabia. MAs não tinha medo de tentar. Não, ela sabia que não poderia mais voltar. Não poderia mais se enganar.É loucura? ela não duvidava. MAs ela podia dançar! E ela sabia que a cada escolha havia uma renuncia. Ela poderia perder a paz de espírito. MAs quem dança nas nuvens pouco se importa com o que há de vir. Ela sabia bem disso. E ela ia...trajada em vestes de princesa como merecia mesmo. Afinal, uma gata borralheira merece seu dia de gloria, mesmo que seja um. E o sonho a toca. ela fecha seus olhos. Era o amor. E era verdadeiro, enquanto durou. E durou apenas segundos. E agora ela abraça o tempo, desesperadamente o tempo. Pra que ele volte e responda suas perguntas. Era amor? Era, mas acabou. Posto que sempre foi chama. Toda paixão é loucura e insano é quem acredita que dure eternamente. E ela aprendeu que amor pode durar segundos sem que não seja amor. Desde que não se possa explicar. Amor não se explica. Quando ela não tinha esperança foi coberta por fiapos de sonhos, quando se sentia sozinha uma fada se aconchegou, quando não havia príncipe ela dançou. Quando chamaram, ela não quis voltar, quando se perdeu se achou. Quando o olho brilhou e a pele tremeu ela entendeu. E quando criou asas ela voou. Ela voltou. Mas alguns fiapos de sonhos ainda ficaram em seus cabelos.
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C A R A L H O nada mais.
ResponderExcluirEssa terceira pessoa é que me mata! Fodastico!
ResponderExcluirSerá que as pessoas ouvem a música lendo o texto? Pow é tudo de bom! Paula vc arrebenta sempre! Mil beijos1
ResponderExcluirEla dança...sempre linda, sempre alegre. Ela dança e não se perde na dança, porque é mais que princesa, é rainha de si mesma.
ResponderExcluirEla sabe que a dança pode durar um momento ou uma vida, ela sabe que a vida é feita de momentos intensos, alegres, despojados, inteiros e a vida real não muda, não deixa de existir enquanto ela dança. Ela é tão poderosa que sabe viver, ela dança...ela ri, roda,vive e dança...E em meio a gargalhada solta, de pura felicidade também insere sabedoria.
Ela dança...vive, realiza o momento divino e estonteante da dança, mas ela sabe...não deixará a outra vida se esvair. Ela dança na roda da vida, dos momentos...inclusive aqueles...
Que a dança e as palavras sempre façam parte do seu caminho que ilumina e alegra o de tantos de nós, seus fãs.