Estava na sala de espera do dentista e reconheci assim que
bati o olho: Juliana, 5°, 6° e 7° série. Era magricela, tinha o cabelo
encaracolado e dentes “encavalados”.
Hoje loira com cabelos lisos e dentes perfeitos, ainda sim era a “Ju”.
Minha (ex) melhor amiga. Pensei em puxar assunto, mas ia dizer o que? Nossa
como você engordou como seus cabelos estão mais bonitos lisos, esse tom loiro
não combinou com você, seu sorriso está perfeito, lembra que eu te chamava de
coelho? Caso ela se lembrasse de mim, responderia sobre as mudanças físicas também,
então achei melhor não falar nada. Reparei na aliança em seus dedos, então já
imaginei que o dialogo ia girar em torno
de família, como ela está bem casada com 4 ou 5 filhos (ela sempre teve cara de
parideira), e eu contaria como larguei
um casamento porque simplesmente não era feliz, o que a constrangeria 1: Por
talvez estar infeliz no dela. 2: Por não conseguir imaginar como alguém prefere
ser feliz sozinha. E então, todas as tentativas de puxar assunto seriam
trágicas e não conseguiríamos ficar em silêncio, porque as pessoas tem a
estranha mania de não conseguir ficar em silêncio, acredito eu que seus
próprios pensamentos as assustem e que PARA, aqui to eu divagando e fugindo do
assunto. Enfim, falaríamos sobre o tempo, como esfriou, como esquentou, em como
sentimos saudades daquela época – que na verdade nem sentimos saudades, haja
vista que todos nós éramos feias, dentuças e com cabelos “pixain”-, e sairíamos
com sorrisos largos nos lábios pois afinal, nos encontramos com versões mais
novas de nós mesmas. Mas ignorei, folheei uma revista e fingi que não a
reconheci. Ela fez o mesmo. Afinal, éramos grandes amigas que hoje não sabemos
nem o que dizer uma a outra. E então pergunto eu: Com quem da minha vida hoje vou evitar falar e até fingirei que não
conheço quando encontrar por ai amanhã? Que coisa, né?
quinta-feira, 3 de outubro de 2013
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