domingo, 3 de março de 2013
Às vezes as pessoas me perguntam a idade e automaticamente eu respondo 14. Não, não é uma forma de me sentir mais jovem porque se fosse pra mentir a idade eu diria 18, afinal nessa idade já se podia beber e entrar em festas para maiores, embora nunca tenha me interessado em festas e talz, enfim. Acho que é porque desde os 14 eu penso como adulto, sempre sofri como adulto, mas agora, depois que encontrei alguns diários antigos e comecei a reler alguns textos, ( que comecei a escrever com 9 anos) lembrei que tenho 26, que criança é essa que aparentemente eu fui e nunca conheci?
Fico tentando encontrar ma explicação para entender essa distancia tão grande entre o que fui e o que eu sou hoje. Eram palavras coloridas com canetas hidrocor, cada letra de um tom diferente de rosa, e só consegui pensar em uma coisa: talvez a intensidade de algumas idéias e pensamentos seja tão grande (para mim e para qualquer um) que quem os têm em mente acaba por sentir-se mais maduro e mais adulto apenas pelo fato de tê-los. Uma vez a pessoa sendo arrebatada por esses sentimentos tão assustadoramente desconhecidos e não conseguindo compreender a si mesma, ela acaba achando (como eu também acho) que aquilo só pode ser um sentimento, um sofrimento, um pensamento de adulto, já que nos acostumamos a relacionar a vida adulta com conceitos de sabedoria e maturidade e compreensão de certas lógicas e fatos que uma criança jamais teria a capacidade de entender, a incompreensão, portanto, nos leva a amplificar o sofrimento. Porém, quando tudo o que parece tão grande dentro da cabeça é transcrito para o papel, podemos perceber toda a imaturidade inoculada em lágrimas para a qual estávamos cegos, lendo você consegue avaliar as próprias palavras como se fossem de outra pessoa e, bem, as outras pessoas sempre parecem tão infantis e egocêntricas, não é mesmo? Sim, elas são, e você também é, e eu também sou, mas é impossível perceber isso se não nos olharmos de fora e não nos abrirmos para a análise crítica e impiedosa de nós mesmos, nós que, infelizmente, insistimos em sofrer como adultos por coisas de criança.
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